O mal da montanha, também conhecido como o mal da altitude ou soroche, foi algo que nos preocupou antes da nossa viagem ao Peru. Nunca tínhamos estado acima dos 3 000m de altitude e depois de ler tantas histórias assustadoras, começamos a achar que subir até aos 5000m, sem nenhuma preparação física, poderia ser algo problemático e demasiado ambicioso. Não devem subestimar a altitude, mas se tomarem as devidas precauções, poderão perfeitamente subir até aos 5 000m como nós.
O que é o mal da montanhas
Antes de mais, é preciso saber que não afecta toda a gente e que a gravidade varia de pessoa para pessoa. Trata-se de um conjunto de sintomas que aparece geralmente a partir dos ~2 500m, quando o oxigénio é mais raro. Os sintomas variam desde náuseas, vómitos, cansaço, cefaleias, epistaxis (sangrar pelo nariz) e nos casos mais graves pode provocar edema do pulmão ou edema cerebral.
Se tencionam visitar um país onde podem sofrer do mal da montanha, há 2 coisas que devem fazer sem falta. Primeiro marcar uma consulta do viajante, é super fácil, basta aceder a este site para saber onde podem marcar uma consulta pelo SNS. Vale sempre a pena ir a uma consulta e ouvir os conselhos de um especialista. Existem por exemplo antibióticos mais eficazes na diarreia do viajante na Ásia que já não são tão eficazes na América do sul. Neste caso específico do Peru foi-nos bastante útil ouvir as recomendações do médico que nos receitou um medicamente que previne o mal da montanha (já vou explicar mais à frente).
Outro ponto essencial é a contratação de um seguro de viagem. Conhecemos uma pessoa que se sentiu muito mal durante uma caminhada por volta dos 4 000m de altitude, suspeitaram um edema pulmonar e teve de descer rapidamente em helicóptero e acabou por ir diretamente até o hospital. Já imaginaram pagar isso do vosso bolso? O seguro que usamos nas nossas viagens é um seguro com atendimento em português e que oferece excelentes coberturas sem franquias: o Seguro Iati. Já tivemos de o ativar e foram mesmo impecáveis, recebemos o reembolso sem problemas. Por confiarmos neles criamos uma parceria, os nossos leitores têm assim direito a 5% de desconto na compra de qualquer seguro e nós em troca ganhamos uma pequena comissão que nos ajuda a desenvolver o blog, para isso basta fazer a compra passando por este link
Para uma viagem pela América do sul recomendamos um seguro Mochileiro ou Estrela.
Acho mesmo importante tomarem uma decisão informada, recomendo por isso aprender a diferenciar “boas e más coberturas”, saber identificar os aspectos mais importantes de um seguro e quais os valores mínimos aceitáveis. Escrevemos um artigo onde explicamos isso tudo: Como escolher um Seguro de Viagem?
Como prevenir o mal da montanha?
Deixo aqui 10 dicas para evitar o mal da montanha. Se seguirem estas recomendações todas em princípio não terão grandes problemas. Contudo, cada pessoa reage de forma diferente à altitude, por isso estejam sempre atentos ao vosso corpo e não subestimem os efeitos da altitude.
1- O primeiro cuidado a ter é dar tempo ao nosso corpo para se aclimatar, isto é, subir devagar passando primeiro uns dias a ~2 500m e só depois iniciar caminhadas. Chegar ao Peru e fazer logo uma caminhada a 5000m é o passo certo para sofrer do mal da montanha. Optamos por passar os primeiros dias em Arequipa (2 335m), seguimos depois para Cusco (3 400m) e só depois é que fizemos a caminhada à Rainbow Mountain (5 200m) e à Laguna 69 (4 600m).
2- Manter uma boa hidratação é fundamental! Vão se aperceber rapidamente que ficam muito facilmente desidratados, foi o nosso maior “mal” durante a viagem, sentíamos a pele extremamente seca, os lábios ficavam facilmente gretados e tínhamos constantemente sede. No nosso 2º dia de viagem começamos a comprar garrafas de 3L e no 4º dia de viagem tivemos de ir comprar creme hidratante.
3- Não tenham receio em beber chá de coca e mascar folhas de coca como os locais. Ajuda mesmo. Recomendamos comprar sacos de folhas que não estejam secas para ser mais fácil mastigar e manter na boca (se estiverem secas irão desfazer-se com facilidade). Antes de iniciar as caminhadas devem colocar umas 10 folhas enroladas na boca e mastigar durante pelo menos meia hora, podem ir acrescentando mais folhas (os locais mascam uns 2 sacos inteiros por dia facilmente). Alivia e previne as dores de cabeça.
NOTA: é perfeitamente legal beber chá e mascar folhas de coca e até podem trazer como lembrança ou presente para Portugal. E não, não vão ficar com “moca”, não faz absolutamente nada.
4- Tomar uma medicação preventiva poderá prevenir bastante os sintomas. Foi-nos receitado acetazolamida na consulta do viajante e começamos a tomar no avião antes de chegar a Arequipa. Tomamos uns 4 dias seguidos e depois só tomávamos nos dias das caminhadas (Rainbow Mountain, Laguna Páron e Laguna 69). Os nossos amigos não tomaram num desses dias e sentiram-se mal com muitas dores de cabeça e náuseas, convém por isso ter esse medicamento com vocês, para além de prevenir também é usado como tratamento sintomático.
Não devem comprar nem tomar essa medicação sem consultar primeiro um médico, existem contra indicações e efeitos secundários!
5- Os locais usam muito um produto natural com um cheiro intenso, não me consigo lembrar do nome da planta, mas encontra-se sob a forma de pequenos tubos com um líquido que devem depois espalhar nas mãos para ir cheirando de vez em quando. Aliviou imenso os nossos enjoos.
6- Tenham sempre com vocês analgésicos, de preferência paracetamol para as dores de cabeça.
7- Convém evitar bebidas alcoólicas que podem agravar os sintomas.
8- É “normal” sentir algum desconforto e ligeiras dores de cabeça durante uma subida, mas se começarem a sentir uma dor de cabeça intensa devem descer o mais rapidamente possível, tomar acetazolamida e descansar o resto do dia. Mastigar folhas de coca também irá aliviar a dor de cabeça.
9- Manter uma atividade física regular nos meses que antecedem a viagem também ajuda, não previne o mal das montanhas em si, mas ajuda nas caminhadas. Se já acham difícil caminhar a subir cá em Portugal, imaginem só subir a 5000m de altitude com a sensação que não têm ar. Fomos com dois amigos que trabalham na área do desporto e caminhavam com mais facilidade e bem mais rápido que nós. Tanto eu como o Axel tínhamos de parar a cada 100 m durante a segunda metade da caminhada à Rainbow Mountain. Parecia que íamos ficar sem ar se déssemos mais um passo, as pernas pareciam estar presas e não queriam andar. Foi mesmo difícil e a última meia hora foi uma verdadeira tortura, sempre que parávamos ficava ainda mais difícil continuar, pensamos desistir. Não tínhamos dores de cabeça, nem náuseas, apenas sentíamos uma falta de ar descomunal.
10- Tentem manter um ritmo lento sem parar. Os nossos amigos, apesar de não terem sofrido tanto “da falta de ar” e “das pernas sem forças”, sofriam sempre de dores de cabeça intensas quando voltávamos a descer. Andávamos desfasados, nós os dois sofríamos ao subir e eles os dois a descer. A nossa teoria é que subiam muito rápido, o ideal é caminhar a um passo regular sem parar, mantendo sempre um ritmo lento (mesmo no início quando parece fácil). As paragens são piores, na nossa segunda caminhada não paramos, andávamos os dois como duas tartarugas centenárias e já não custou tanto.
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Todos os nossos artigos sobre o Peru:
Visitar o Peru | Roteiro e Dicas de Viagem
Peru | Os nossos gastos em 2 semanas
Peru | Como evitar o Mal das Montanhas?
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This Post Has 2 Comments
Adorava ir ao Perú. É uma das minhas viagens de sonho. Mas tenho algum receio… No Perú todos os pontos de interesse são acima do 3000m de altitude, não sei se estou preparada.
Não tínhamos grande preparação física e conseguimos ver tudo o que queríamos 😉 A altitude não deve ser um impedimento, tem apenas de seguir estas dicas e tomar certas precauções para evitar o mal das montanhas. Não é preciso “ir preparado” mas sim informado 😉