Saúde em Viagem
No planeamento de uma viagem há algo que não podemos esquecer: a nossa saúde! Ficar doente não é agradável, e ainda menos quando estamos longe de casa e em locais com escasso acesso a bons cuidados de saúde. As medidas preventivas são essenciais e variam segundo os países e as regiões. Se forem visitar determinadas regiões do Peru poderá ser ou não necessário tomar a vacina contra a febre amarela. E essas recomendações estão sempre a mudar. Para viajarmos mais descansados convém estarmos devidamente informados sobre os possíveis riscos e cuidados e a ter.
Índice
Consulta do Viajante
Vale a pena agendar consulta do viajante?
Conhecemos pessoas que tiveram de cancelar viagens por não terem tomado as vacinas recomendadas em tempo oportuno. Algumas doenças são realmente perigosas podendo ser até fatais (é o caso da febre amarela). Por isso, um dos primeiros passos quando organizam uma viagem consiste em agendar uma consulta do viajante. Somos os dois médicos e nunca abdicamos dessa consulta. Para além das vacinas, são abordados outros temas muito importantes, e fornecem informações úteis sobre prevenção de algumas doenças e como actuar em caso de acidente.
Que vantagens tenho em agendar num centro de vacinação internacional?
Não é preciso pagar uma fortuna por uma consulta do viajante. Podem facilmente agendar a vossa consulta no público num centro de vacinação internacional. Basta enviar um email, não sendo necessário passar pelo médico de família. Podem ver aqui a lista do locais onde podem agendar a vossa consulta na Região Norte, Região Centro, Lisboa, Faro, Açores e Madeira.
A grande vantagem em agendar diretamente num desses locais é poderem ser vacinados no próprio dia (caso necessitem de vacinas específicas como a febre amarela ou febre tifóide). Pouca gente alerta sobre esta situação, mas se optarem por agendar uma consulta num médico particular/consulta online, e se tiverem necessidade de tomar uma dessas vacinas, terão de agendar atempadamente a toma dessas vacinas num centro de vacinação internacional que aceite receitas externas ao serviço. Como nem todos os centros aceitam essas receitas, a lista de espera pode ser de 2 a 3 meses. No nosso caso, agendamos sempre diretamente no centro de vacinação do Hospital Santo António no Porto via email e a consulta é geralmente agendada em 3 semanas. Tivemos necessidade de tomar a vacina da febre tifóide e foi administrada no próprio dia da consulta.
Onde posso agendar uma consulta do viajante?
Região Norte:
Centro de Vacinação Internacional do Porto
Rua da Alegria, n.º 1057 – Porto
Telefone: 222 002 540
E-mail: cvi@arsnorte.min-saude.pt
Horário da consulta: 2.ª Feira: 14.00h às 17.00h; 3.ª e 5.ª Feira: 9.00h às 13.00h e das 14:00h às 17.00h; 4.ª e 6.ª Feira: 9.00h às 13.00h.
Centro de Vacinação Internacional de Braga
Praceta de Vilar s/n (ex instalações do Departamento de Psiquiatria do Hospital de São Marcos),
4710-453 – Braga
Telefone: 253 208 260
E-mail: usp.braga@arsnorte.min-saude.pt
Horário da consulta: 2ª Feira: Manhã; 4.ªe 5. ª Feira: Tarde
Centro de Vacinação Internacional do Centro Hospitalar do Porto
Consulta externa de doenças infecciosas (Ex-CICAP) – Pavilhão 8, Rua D. Manuel II, 4050-346 – Porto
Telefone: 222 077 500
E-mail: Secretariado.ce.infecciologia@chporto.min-saude.pt
Horário da consulta: 2.ª e 6.ª Feira: Manhã; 4.ª Feira: Manhã e Tarde; 5.ª Feira: Tarde
Consulta de Medicina Tropical (pós-viagem): Todos os dias
Centro de Vacinação Internacional de Viana do Castelo
Rua José Espregueira, n.º 96, 4904-871 – Viana do Castelo
Telefone: 258 809 470
E-mail: consulta.viajante@ulsam.min-saude.pt
Horário da consulta: 2.ª e 5.ª Feira: 9.00h às 12.30h
Centro de Vacinação Internacional do Hospital de S. João
Al. Professor Hernâni Monteiro, 4200-319 – Porto
Telefone: 225 512 375
E-mail: consulta.viajante@chsj.min-saude.pt
Centro de Vacinação Internacional de Bragança
Avenida Dr. Urze Pires, 5340-263 – Macedo de Cavaleiros
Telefone: 278 420 143
E-mail: inacia.rosa@ulsne.min-saude.pt
Horário da consulta: 5.ª Feira: 9.30h às 13.00h
Centro de Vacinação Internacional de Matosinhos
Antigo Hospital de Matosinhos – Rua Alfredo Cunha, n.º 365, 4450 – 024 Matosinhos
Telefone: 229 372 497/918 174 606
E-mail: s.fronteiras@ulsm.min-saude.pt
Horário da consulta: 3.ª Feira: 9:00h às 13:00h; 4.ª Feira: 9:00h às 13:00h e 14.00h às 17.00h; 5.ª Feira: 14.00h às 17.00h
Centro de Vacinação Internacional do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho,
Unidade 1 (antigo Hospital Santos Silva), Pavilhão de Ambulatório
Rua Conceição Fernandes, s/n, 4434-502 – Vila Nova de Gaia
Telefone: 227 865 100
E-mail: cvi@chvng.min-saude.pt
Horário da consulta: 2.ª a 5.ª Feira, das 14:00h às 17:00h
Centro de Vacinação Internacional do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Unidade de Vila Real, Avenida da Noruega, Lordelo, 5000-508 – Vila Real
Telefone: 259 300 513
E-mail: cvi@chtmad.min-saude.pt
Horário da consulta: 2.ª Feira: 09:00h às 13:00h; 3ªF 09:00h às 13:00h; 4ª Feira 14h às 17:00h e 5ªF das 14:00 às 17:00h
Coimbra
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
A Consulta decorre nas instalações do Gabinete de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, na Faculdade de Medicina (Polo I), piso 2, sala 10.
Tel: +351 239 240 845 ou +351 939 855 967;
Podem agendar via e-mail, para gabadmin@sas.uc.pt.
Lisboa
Hospital Curry Cabral
Rua da Beneficência, 8, Lisboa | Tlf: 217 924 322
(marcação prévia, por telefone ou presencialmente)
Hospital Santa Maria
Avenida Professor Egas Moniz, Lisboa | Tlf: 217 805 000 (marcação prévia, por telefone)
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Rua da Junqueira, n.º 96, Lisboa | Tlf: 213 652 630
Algarve, Açores e Madeira
Centro de Vacinação Internacional de Faro
Rua Frei Lourenço de Santa Maria, 9, 8000-352 Faro
Telefone: +351 289 889 280
E-mail: cvi_faro@arsalgarve.min-saude.pt
Centro de Vacinação Internacional de Madeira
Rua da Mouraria, 41, 2º, 9000-047 Funchal
Telefone: +351 291 705 626
E-mail: cvi.madeira@iasaude.sras.gov-madeira.pt
Centro de Vacinação Internacional dos Açores
Rua do Dr. Bruno Tavares Carreiro, 6, 9500-055 Ponta Delgada
Telefone: +351 296 203 230
E-mail: cvi.azores@sesaram.pt
Diarreia do Viajante
É a doença mais frequente no viajante. Trata-se de uma doença transmitida por água ou alimentos contaminados. Manifesta-se por diarreia, náuseas, vómitos, dores musculares e cefaleias. É geralmente ligeira e pode resolver-se espontaneamente sem tratamento. A melhor forma de prevenção passa pela ingestão de alimentos e bebidas seguras. As seguintes medidas de prevenção poderão ser suficientes para evitá-la:
– Usar a água da torneira exclusivamente para tomar banho e cozinhar (mas não para levar os dentes).
– Beber apenas água engarrafada ou tratada, isto é, fervida durante cerca de 3 minutos ou desinfectada/filtrada.
– Evitar bebidas com gelo
– Preferir alimentos bem cozidos e evitar alimentos crus. Preferir a fruta descascada ou cozida.
– Evitar os gelados artesanais e preferir os industriais embalados. Evitar produtos lácteos não pasteurizados. O leite em pó é seguro se dissolvido em água engarrafada.
Na maioria dos casos a diarreia é auto-limitada recuperando-se em poucos dias. É fundamental evitar a desidratação, sendo essencial ingerir líquidos (água, chá ou agentes hidratantes receitados pelo médico na consulta do viajante). Se a diarreia persistir por mais de 3 dias e for acompanhada de qualquer um destes sinais: sangue nas fezes, vómitos de repetição ou febre, recomendamos consultar um médico, pois poderá ser necessário iniciar um antibiótico (na consulta do viajante costumam receitar um antibiótico para estas situações).
Dengue e Malária
A dengue e a malária são doenças transmitidas pela picada de um mosquito infectado.
Não existem vacinas sendo muito importante cumprir as medidas preventivas para impedir a disseminação da doença e evitar as picadas de mosquito: usar redes mosquiteiras e ar condicionado de noite, usar repelentes eficazes (de pele e de roupa) e usar roupas largas e compridas.
Alguns dos países com maior risco de dengue incluem:
América Central e do Sul:
Brasil,Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru e Venezuela, Cuba, República Dominicana, Haiti, Jamaica, Porto Rico e Trinidad e Tobago.
Ásia:
Bangladesh, Camboja, China, Filipinas, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Nepal, Paquistão, Singapura, Sri Lanka, Tailândia e Vietname.
No caso da Malária existe um tratamento profilático que poderá estar recomendado consoante o destino e a duração da viagem.
Alguns dos países mais afetados incluem:
África Subsaariana:
Angola, Benin, Burkina Faso, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Quênia, Libéria, Madagascar, Malawi, Mali, Mauritânia, Moçambique, Níger, Nigéria, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Togo, Uganda e Zâmbia.
América Central e do Sul:
Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela.
Ásia:
Afeganistão, Bangladesh, Butão, Camboja, China (partes do sul), Índia, Indonésia (partes de Java e Papua), Laos, Malásia, Myanmar, Nepal, Filipinas, Tailândia, Timor-Leste e Vietname.
Vacinas obrigatórias e recomendadas
Febre Amarela
A transmissão desta doença é feita pela picada de mosquito em altitudes abaixo de 2300m. Os sintomas iniciais incluem febre, cansaço, cefaleias, mal-estar e dores musculares podendo evoluir para uma fase mais grave com icterícia, hemorragias do trato gastro-intestinal podendo ser fatal. Não existe nenhum tratamento sendo a vacina a única forma de prevenir eficazmente a doença.
Alguns países exigem vacinação prévia da febre amarela para poder entrar no território. A lista está sempre a mudar, por isso convém confirmar essa informação. Na consulta do viajante saberão esclarecer todas as vossas dúvidas.
Atualmente (março 2023), os países onde a vacinação contra a febre amarela é obrigatória incluem:
Angola
Brasil
Congo
Costa do Marfim
Gabão
Gana
Guiana Francesa
Libéria
Nigéria
Panamá
República Democrática do Congo
Senegal
Serra Leoa
Suriname
Togo
Trinidad e Tobago
Venezuela
No entanto, apesar da vacina não ser obrigatória está fortemente recomendada nos seguintes países:
Bolívia
Colômbia
Equador
Guiana
Panamá (algumas áreas)
Paraguai
Peru (algumas áreas)
Trinidad e Tobago (algumas áreas)
Quando tomar: até 10 dias antes da viagem.
Como tomar: 1 injecção válida 10 anos (eficácia perto de 100%). Pode ser administrada desde os 9 meses de idade e até os 60 anos.
Apenas disponível nos centros de vacinação internacional.
Febre Tifóide
Trata-se de uma doença infecciosa transmitida pela ingestão de carnes mal cozidas, bebidas ou alimentos contaminados. Manifesta-se com febre alta, insónias e cefaleias.
Alguns dos países onde a vacinação contra febre tifoide é recomendada incluem:
África: Angola, Burkina Faso, Burundi, Camarões, Chade, Congo, Costa do Marfim, Etiópia, Gana, Guiné, Libéria, Madagascar, Mali, Moçambique, Nigéria, Quênia, República Democrática do Congo, Senegal, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
Ásia: Afeganistão, Bangladesh, Butão, Camboja, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Nepal, Paquistão, Filipinas, Sri Lanka, Tailândia e Vietnã.
América Central e do Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela.
No entanto, o risco varia muito de país para país e consoante a duração da viagem. Portanto só um médico especializado em Medicina de Viagem é que vos poderá dizer se faz sentido ou não tomar essa vacina.
Como tomar: 2 injecções com um mês de intervalo, válida 3 anos. Pode ser administrada a partir dos 2 anos de idade. Ter em atenção que esta vacina não protege a 100% sendo as medidas de prevenção essenciais.
Apenas disponível nos centros de vacinação internacional.
Hepatite A
A Hepatite A é a segunda doença mais frequente no viajante (após a diarreia do viajante). Manifesta-se com um quadro de febre, náuseas e desconforto abdominal sendo seguido dias mais tarde pelo aparecimento de icterícia. A gravidade da doença aumenta com a idade podendo passar despercebida em crianças e ser mais grave nos adultos, prolongando-se por várias semanas. A transmissão pode resultar do consumo de alimentos ou água contaminados ou ainda pelo contacto com pessoas contaminadas.
Algumas pessoas podem estar imunes sem saber (a doença pode por vezes passar despercebida na infância). Poderá estar recomendado realizar análises sanguíneas antes de tomar a vacina.
Como tomar: 2 doses com intervalo de 6 meses. Pode ser administrada a partir de 1 ano de idade.
Pode ser comprada na farmácia com receita médica. As vacinas podem ser administradas em algumas farmácias, no centro de saúde ou no centro de vacinação, sendo sempre necessário uma marcação prévia.
Outras doenças (raiva, cólera, encefalite)
Existem muitas outras doenças para as quais poderá estar indicado tomar uma vacina e que serão abordadas na vossa consulta do viajante. A vacina da raiva poderá estar recomendada para uma viagem à Tailândia ou Indonésia por exemplo. A raiva pode ser fatal se não tratada atempadamente! O risco tem aumentado nesses países pela proximidade cada vez maior entre os viajantes e os macacos (e a falta de informação sobre esse risco, basta o macaco arranhar para serem contaminados, por isso pensem duas vezes antes de tirar uma fotografia com um macaco nas costas).
A encefalite japonesa é uma doença transmitida por picada de mosquito que acarreta graves consequências (1/3 dos infectados acaba por falecer e 1/3 permanece com sequelas neurológicas irreversíveis). A vacinação está por isso fortemente recomendada em caso de estadia prolongada (superior a 30 dias) na Ásia em zonas rurais principalmente na estação da chuva.
A cólera existe em quase todos os países em desenvolvimento, e a melhor forma de prevenção são medidas de higiene: lavar as mãos antes de comer, lavar a fruta, beber apenas água engarrafada ou tratada, consumir preferencialmente alimentos cozidos e evitar o contacto com águas estagnadas. A vacinação é raramente recomendada, sendo apenas indicada para estadias prolongadas em áreas de alto risco principalmente para profissionais de saúde trabalhando durante surtos de epidemia (alguns países de África e certas zonas da Ásia, Indonésia e América Central).
A Encefalite da carraça limita-se às zonas florestais (até uma altitude aproximada de 1400m) que se estendem da Alsácia até à Sibéria e a maioria dos casos ocorre de Abril a Novembro. A doença inicia-se com um quadro semelhante a uma gripe com febre evoluindo depois para a fase da encefalite em si com paralisia e sequelas permanentes. Para evitar picadas de carraças convém usar calças compridas com calçado fechado. A vacinação é a única “arma” contra esta doença para a qual não existe tratamento e está indicada para estadias superiores a 3 semanas nas zonas de risco principalmente durante o Verão.