Destino Partilhado por Cidália Teixeira
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Esta viagem não estava prevista no nosso (meu e do meu marido) “calendário” de viagens. Surgiu em cima da hora a menos de um mês do dia da partida contrariando um dos nossos lemas “a antecedência é mãe de todas as poupanças”. Mesmo assim, conseguimos voos na Ryanair (Lisboa-Dublin) a um preço razoável. De seguida, começámos a desenhar o nosso roteiro. Para 8 dias e, sabendo que seria impossível fazer a volta completa à ilha, traçámos o seguinte rumo: Glendalough, Cliffs of Moher, Galway, Lagos do Connemara e Kylemore Abbey (o ponto alto da viagem), Donegal, Letterkenny, Derry, Giant’s Causeway (Calçada do Gigante), Carrick a Rede e a ponte suspensa Rope Bridge, Dark Edges (local de gravação de Games of Thrones), Belfast, Dundalk, Dublin, Malahide, península de Howth.
Dia 1 | Dublin – Glendalough
Aproveitámos a reserva na Ryanair para também efetuar o aluguer do carro. No dia da chegada a Dublin (início da tarde), fomos logo levantar o carro. Fizemos uma extensão ao seguro para ter cobertura para todos os riscos (as estradas são bastante estreitas nas zonas rurais e todo o cuidado é pouco considerando que era a primeira vez que se iria conduzir à esquerda). Com o popó nas mãos, lá nos fizemos à estrada e parámos no primeiro Mc Donalds que vimos em Dublin. Seguimos para Glendalough nas montanhas de Wicklow. Glendalough é uma pequena jóia natural situada num vale onde predominam o Upper Lake e Lower Lake e ainda a maravilhosa vila monástica.
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Como já se fazia tarde, pusemo-nos a caminho, jantámos algures a caminho de Freshford onde iríamos pernoitar num B&B (nossa primeira experiência). Já chegámos tarde para o padrão horário irlandês, mas a anfitriã foi espetacular e fez-nos logo sentir como se estivéssemos “em casa”. A única coisa que nos “falhou” foi o raio das tomadas (pensei que fossem iguais às americanas) e o meu adaptador americano não era adequado. Felizmente a anfitriã ofereceu-se para carregar os telemóveis nas portas USB do seu portátil. No dia seguinte, teria obrigatoriamente que comprar um adaptador.
Dia 2 | Cliffs of Moher – Galway
Após um maravilhoso “Irish breakfast“, partimos em direção ao grande ex-libris da Irlanda: os Cliffs of Moher. As vistas não defraudam, os trilhos existentes são muito bonitos e fáceis de percorrer.
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Seguimos com tempo em direção a Norte pois iríamos dormir muito perto de Galway. Passámos por Kinvara para ver o Castelo de Dungaire. Quem gosta da Idade Média só pode ficar apaixonado pelos inúmeros castelos que existem na Irlanda.
Chegámos a Galway, fomos a um pub completamente “apinhado” de gente como é tradição nestas paragens. A cidade é pequena, mas cheia de charme com as suas casas coloridas, as artérias pedonais com artistas de rua, muitas lojinhas, muitas bandeirinhas…
Seguimos até Salthill, a 3km de Galway, onde iríamos pernoitar. Uma vila muito pequena com uma praia muito agradável e um magnífico pôr-do-sol.
Dia 3 | Lagos do Connemara e Abadia de Kylemore
A descoberta dos lagos do Connemara e da Abadia de Kylemore eram o que eu mais ansiava. As fotos que vi na internet faziam-me lembrar algo do Parque Nacional de Yosemite na Califórnia e foram, desde o início, as atrações “must do” que planeámos fazer. As expetativas eram altas e não defraudaram minimamente. Quem gosta de natureza só pode ficar rendido aos encantos de tal região: lagos, lagos, ovelhas em todo o lado e uma sensação de paz que guia toda a viagem. A Kylemore Abbey oferece um quadro idílico a todos os visitantes do parque. Esta visita é imperdível!!!
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De coração cheio, partimos em direção ao extremo norte pois a nossa intenção era estar no dia seguinte já na Irlanda do Norte. Ainda parámos no Markree Castle (agora castelo privado) e em Donegal para visitar o seu castelo.
Antes de entrar na Irlanda do Norte, preferimos dormir na cidade de Lettekenny onde os preços eram mais acessíveis. Os hotéis na Irlanda do Norte são bem mais caros que na Irlanda, daí a nossa opção. Além do mais, ficaríamos mesmo às portas da cidade de Derry/ Londonderry que queria muito visitar.
Dia 4 | Derry – Calçada do Gigante – Belfast
Começámos com a visita a Derry ou Londonderry, esta cidade foi palco do famoso “Domingo sangrente” (Bloody Sunday que deu o título à também famosa canção dos U2, “Sunday, Bloody Sunday). A cidade é pequena, mas cheia de vestígios dos confrontos católicos vs protestantes (nacionalistas vs unionistas). Os murais são célebres. Nem demos pela “fronteira” e daqui em diante teríamos que utilizar as libras. Estacionámos num parque logo à entrada da cidade, mesmo ao lado do rio e fomos à descoberta da cidade a pé.
Prosseguimos viagem em direção ao ex-libris turístico da Irlanda do Norte: a Calçada do Gigante. Chegámos relativamente rápido, estacionámos o carro ao lado do centro de visitantes. A Calçada é impressionante mesmo e o enquadramento natural não lhe fica atrás.
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Seguimos em direção a Carrick-a-Rede onde sabíamos que existia uma ponte suspensa (Rope Bridge). O lugar é muito agradável. Ficámos desapontado à entrada quando disseram que só poderíamos fazer a travessia daí a 2h30. Impensável, para nós que tínhamos tudo programado quase ao milímetro, esperar esse tempo todo. Resignados, fizemos o trilho apenas para ver essa ponte suspensa. Não tivemos que pagar as 7 libras de entrada, mas tal não compensou a nossa frustração. De qualquer modo, o trilho é muito agradável de se percorrer embora o vento seja muito.
E antes seguir viagem para Belfast, fizemos um pequeno desvio até Dark Edges, um local de gravação da série Games of Thrones, para ver as árvores tricentenárias mais famosas da Irlanda do Norte.
Continuámos a nossa rota em direção à capital, Belfast. Escolhemos um apartamento para dormir, reservado no Booking, situado num charmoso bairro no sopé da serra de Cavehill, a curta distância do lindíssimo Castelo de Belfast.
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Dia 5 | Belfast-Dundalk
Partimos à descoberta da cidade e dos seus famosos murais, testemunhos também do conflito protestantes vs católicos e da ação do IRA. Os melhores lugares para os ver são a Falls Road e a Shankill Road.
Ainda visitámos o mosteiro de Clonard, encostado ao muro que divide a cidade: protestantes de um lado, católicos do outro. O muro é visível, chamam-lhe o muro da paz ou também o muro da vergonha. Na verdade, todos o aceitam pacificamente. Já faz parte da história e da vida dos habitantes da cidade. As bandeiras da República da Irlanda e do Reino Unido são expostas por toda cidade, como uma espécie de marcação de território. Seguimos até ao centro da cidade e deambulámos pelas ruas. Não é uma cidade que enche os olhos (e eu sabia disso) mas quisemos explorar na mesma.
Almoçámos num estação de serviço da Applegreens e rumámos a sul para novamente entrar na Irlanda. Escolhemos uma pequena localidade a meio caminho de Dublin: Dundalk. Reservámos um hotel 4 estrelas por um preço muito simpático onde se pôde usufruir de piscina interior. Jantámos num famoso pub de Dundalk o “Jockeys”.
Dia 6 | Dublin
O pequeno-almoço no hotel é soberbo, há de tudo e para todos os gostos e o irish breakfast não desilude.
Seguimos viagem até Dublin onde fomos diretos à Guinness Storehouse. Imperdoável não visitar. Não é a fábrica da cerveja, é um museu onde ficámos a saber tudo da cerveja (produção, armazenamento…). A visita é interessante, são 7 andares de visitas cada um dedicado a seu tema. No último, o Gravity Bar, temos direito a uma pint da famosa cerveja e às vistas nas alturas sobre a cidade de Dublin. Isto preencheu-nos logo a manhã. Almoçámos umas sandes no parque contíguo à Catedral S. Patrick. Depois, explorámos a cidade: Grafton street, a zona de Temple Bar, a estátua de moly Malone, a ponte famosa Ha Penny bridge, o edifício central dos Correios, o centro comercial St Stephens Green ao lado do parque com o mesmo nome. Andámos bastante a pé e gostámos da arquitetura das casas, as bandeirinhas irlandesas em todo o lado, o trevo…
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Como Dublin é bastante cara, escolhemos um B&B a 7-8 km, já relativamente perto do aeroporto, facto que nos iria dar muito jeito no dia da nossa partida (o voo era às 6h45 e tínhamos que deixar o carro às 5h). Ficámos no B&B Pebblemill: um encanto com uns anfitriões 5 estrelas. Até nos deixaram partilhar a sua sala (não aquela reservada aos hóspedes) para podermos ver o jogo de futebol do Manchester United para as competições europeias.
Dia 7 | Malahide e arredores
Inicialmente, tínhamos previsto continuar neste segundo dia a visita a Dublin. Mas pareceu-nos excessivo e preferimos explorar a zona costeira. Primeiro, fomos espreitar os jardins e castelo de Malahide (muito perto do nosso alojamento). Depois, fomos ao centro da vila de Malahide. De seguida, percorremos a costa (Portmarnock e a península de Howth). Bela escolha a que fizemos. Vimos focas no porto de Howth, a vila é muito bonita e aconchegante. O castelo de Howth não pode ser visitado (abriga uma escola de hotelaria) mas pode-se ver os jardins.
Dia 8 | O regresso
Partida muito cedo em direção ao aeroporto. Entregámos o carro na Europcar que disponibiliza logo uma van para levar-nos ao terminal.
OS NOSSOS ALOJAMENTOS:
- Freshford: Castle View B&B (Booking)
- Salthill: Holiday Hotel (Booking)
- Letterkenny: Mount Errigal Hotel, Conference & Leisure Centre (Booking)
- Belfast: Belfast Luxury Apartment (Booking)
- Dundalk: Ramada Resort Dundalk (Booking)
- Dublin/Kinsaley (2 noites) : Pebblemill B&B (http://www.pebblemillkinsaley.com/)
Apesar da viagem ter sido quase em modo “last minute”, adorámos a viagem porque sem dúvida desfrutámos de paisagens de cortar o fôlego. A Irlanda é mesmo a ilha dos cinquenta tons de verde e das milhares de ovelhas muito semelhantes à Ovelha Choné (foi um delírio para a minha filhota de 8 anos). O conselho que dou é mesmo não ficar-se pela capital Dublin porque não ficarão com a ideia exata do que é a Irlanda. Para completar este roteiro, só faltaria o Ring of Kerry e a península de Dingle… e talvez Cork. Mas com 8 dias, conseguimos ver tudo a que nos propusemos na fase do planeamento da viagem e isso foi muito bom.
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Texto e fotografias por Cidália Teixeira
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Adorei o seu blog. um dos melhores que tenho visto sobre a Irlanda. Gostava de saber se viu os cães a acompanhar os donos nas lojas, nos restaurantes, etc.
Sinceramente Sara, não me apercebi disso.